terça-feira, 23 de setembro de 2014

Eu escrevo, tu digitas, nós advogamos...

As vezes me bate uma vontade de escrever, mas é de escrever meesmo, pegar meu diário (sim, sou dessas da época de diário, e ainda tenho um pra contar a historia) e só parar quando der caimbra nos dedos pela posição de se segurar a caneta. Sempre escrevi, até hoje não sei de quem foi o primeiro diário que ganhei de presente, só que desde a primeira vez em que pus os olhos ( e claro as mãos) em um, nunca mais parei.

Escrever se tornou um habito, e a cada conflito, eu precisava externar e por no diário. Mas tem tempos que não escrevo, até daqui sumi, mas vire e mexe me pego pensando em escrever, tenho um caderno em branco na cabeceira da cama, há dias que sinto como se ele gritasse por mim, mas não escrevo, olho meio de rabo de olho, muito do que faço ás vezes, é digitar! e convenhamos amigos, digitar, não é o mesmo que ESCREVER, nem sinominos são! (procurei no dicionário, não são não, apesar de acharmos), sinonimos de escrever é grafar, anotar e por ai vai.

Durante uns bons anos da minha vida, me imaginei sendo uma escritora, tinha tanto a escrever, de mim, dos outros, de todos, tantas histórias pra contar, algumas verdadeiras, outras inventadas (não dizem que escritores tem de ser criativos?), me imaginava ganhando o mundo, fazendo leituras pelas minhas livrarias favoritas, bem como sessão de autografos.

Mas a medida que o tempo avança, outras coisas vão surgindo, e hoje, quando me olho, vejo que essa escritora esta cada vez mais difícil de surgir, mas há um vislumbre de uma boa advogada (pelo menos andam dizendo por ai), talvez esteja na hora de trocar o verbo, e o advogar esteja mais apropriado.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

30 anos, cruzando a Ipiranga com avenida São João.

Nunca tinha ido em São Paulo, na Capital, o máximo de São Paulo que conheci nestes 30 anos de minha vida, foi o terminal Tietê, sempre de passagem para o interior. Mas no dia 25 desde mês, no terminal Tietê, ao invés de correr pelas escadas em busco próximo guichê, peguei o trem.
Não íamos para Bauru, já estava decidido, e apesar de meu noivo ( nunca me acostumo com isso, nem com a aliança no dedo) ter ficado muito triste por perder o casamento de um dos seus melhores amigos, ir até Bauru, ficaria muito caro, e no momento não estávamos podendo arcar com uma despesa dessas.
Meu namorado, ops, noivo, acabou de defender o doutorado, e esta procurando trabalho, não ele não quer seguir e carreira acadêmica, e não, não quer ser professor universitário, depois de alguns emails enviados, mensagens trocadas, surgiu uma entrevista em São Paulo, sim, na capital. Ainda prevalecia, a ordem de que não podemos gastar, ele iria de onibus na quarta, a entrevista era na quinta, e voltaria na quinta noite mesmo.
Meu noivo (namorado, quase marido), deixou para comprar a passagem na quarta, coisa inédita, ele é do tipo que se viaja na sexta, vai comprar a passagem na segunda feira, senão no domingo ( mas ele é assim, somente nas questões referentes a viagens, para todo resto, ele deixa tudo pra ultima hora, o que me deixa num estado nervos louco), não tinha mais passagens para São Paulo na quarta feira. Por um minuto pensei que ele ia surtar, ficamos lá parados pensando no que fazer, até que ele teve a ideia de alugar um carro, da ideia de alugar um carro, acabamos no carro do pai dele, com um gps em mãos, um mapa do google na outra, na mala roupas de festa, e #partiusãopaulo e depois #partiubaurucasamento.
Conhecer São Paulo, fazer 30 anos, tudo isso de uma vez, num fim de semana, alguma coisa aconteceu no meu coração, e foi bem antes de cruzar a Ipiranga com a Avenida São João.
São Paulo, é uma cidade fria, apressada, que aparenta não ter coração, as pessoas passam por você, como se você não estivesse no caminho, sabe aquele cumplicidade no olhar de alguém que esta na mesma situação que você (correndo para pegar o metrô), não existe, na verdade existe competição no olhar, daquela do tipo, vou passar na sua frente te dar uma rasteira e ainda sentar no seu lugar no trem. Senti um desespero, e me disseram, se você vier para cá, você se acostuma com essa correria, escutei isso e me lembrei daquela máxima, de como nos acostumamos a tudo, até com que é ruim e faz mal.
Fiz 30 anos no sábado da mesma semana, já em Bauru, e pela primeira vez, me dei conta de que sim, me importo com meu aniversário, passei 29 anos achando que não me importava, mas nunca tinha passado um aniversário sequer longe de casa, e justo nos 30, os tão caóticos 30, eu estava tão longe, sendo somente meu namorado a rosto conhecido, foi um dia frio e chuvoso, e era dia 26 de julho, mas não era meu aniversário, não parecia, nem de longe.
A noite foi uma verdadeira festa, mas ainda sim não era meu aniversário, era um casamento, um belo casamento, não meu aniversário.
Meus 30 anos na verdade, chegaram no dia 29 de julho, (e não rotineiramente no dia 26 como vem sendo durante 29 anos) com uma festa surpresa (realmente de surpresa, não sabia de nada mesmo, justo eu, que como disse meu namorado, sou a descobridoras de festas surpresa)com rostos sorridentes e conhecidos, uma caneca linda em mãos, finalmente completei 30 anos.

sábado, 7 de junho de 2014

"Não é fácil...."

"Não é fácil, não pensar em você
Não é fácil, é estranho
Não te contar meus planos, não te encontrar
Todo dia de manhã enquanto eu tomo o meu café amargo
É, ainda boto fé de um dia te ter ao meu lado
Na verdade, eu preciso aprender
Não é fácil, não é fácil" *


Já faz um ano, e ainda é difícil acreditar, ainda me pego querendo te ligar  sempre que alguma coisa acontece, tem coisas que só você entenderia, e é difícil fazer com que as outras pessoas entendam isso.
Queria te contar, como foi o casamento do meu cunhado, consigo escutar você dizendo,  como eu era sortuda, de uma amiga ter morrido  justo na véspera e eu ter uma desculpa perfeita e incontestável para não ir no casamento sem meu namorado, e realmente seria perfeito mesmo, se essa amiga não tivesse sido você. E sim, eu fui no casamento, e não briga comigo por não ter aproveitado a oportunidade da desculpa perfeita, mas eu precisava ir, indo eu não tinha que encarar a realidade de que você não estava aqui.
Queria muito que você tivesse aqui, quando recebi a tão suada carteira da OAB, como íamos comemorar, que finalmente eu podia pedir demissão do meu emprego e não engolir mais sapo nenhum, claro, você voltaria atrás, e me diria que eu teria que engolir sim mais alguns sapos, mas ele seriam mais fácieis de serem engolidos daqui pra frente.
E você morreria de rir quando eu te contasse do povo de me chamando de doutora nas audiências, que coisa mais ridícula, diríamos, e cairíamos na gargalhada.
Ficaríamos horas comentando sobre Pretty Little Liars, de como a séria estava parecida com nossas vidas já  que uma amiga próxima teria morrido, bancaríamos as detetives como na série, tentando encontrar o assassino, pena que já sabíamos quem ele era, e bem antes da morte chegar.
Queria que você tivesse aqui para receber pelo what app a foto da minha mão com a aliança de noivado, e queria receber sua ligação logo em seguida, comentaríamos como escolhi uma aliança simples, e você falaria do seu espírito de rica e teria com certeza escolhido uma bem mais cara.
Queria que você tivesse aqui todos os dias, queria de volta nossas caminhas em volta da lagoa, sempre prometendo a terceira volta, que nunca viria.
Queria que tivesse aqui para falarmos sobre vida das pessoas, sobre as péssimas escolhas delas ou das boas escolhas, ou de como seriam as nossas escolhas se tivéssemos no lugar delas, e sim nossas escolhas seriam melhores, sempre.rs.
Precisava de você aqui para ajudar a escolher o meu vestido de noiva, para concordar comigo sobre as coisas que ninguém concorda e escutar das outras pessoas que vivíamos num mundo só nosso, e sabe, vivíamos mesmo e era tão bom.
Queria você aqui pra eu te dizer, que sim, encontrei o amor, aquele que seu pai e eu insistíamos em procurar, e queria escutar você rindo e dizendo que quem podia imaginar, que um caso tão bagunçado fosse acabar mesmo em casamento, e faríamos imensas comparações entre meu noivo e meu ex, e você diria novamente, de como eu sou sortuda com namorados e me diria que era bom mesmo eu me casar e não inventasse mais moda.
Queria você aqui, para juntas planejarmos tudo, mas você não concordaria com o cardápio, "como assim feijão tropeiro num casamento", e eu falaria que queria assim e pronto, seriam muitas discussões sobre "o pagode na laje" que eu estava chamando de casamento.
Eu realmente espero que os espíritas estejam certos, e que em algum momento vamos nos reencontrar amiga, por que a vida sem você não tem mais a mesma cor, não tem mais o mesmo som, é como se minha vida não tivesse completa, e pensar que nunca mais iremos nos encontrar doí demais. 
Então, realmente espero que essa vida eterna, tão comentada exista e que em algum momento  nos reencontraremos, vamos voltar pra aquele nosso mundo, aquele em que as pessoas diziam que só nós vivíamos.




*Musica Não Fácil, Marisa Monte.

segunda-feira, 19 de maio de 2014